quinta-feira, 1 de abril de 2010

TRADUTOR E INTÉRPRETE


No filme de guerra, um soldado ferido é resgatado. "Como está a sua arma?", pergunta o oficial no comando. "Dói muito, senhor." Como? A arma do soldado dói muito? Não há suspense nem drama que resista ao ridículo de uma tradução errada como essa. Afinal, o que preocupava o oficial era o braço (arm, em inglês) do soldado, e não sua arma (weapon, em inglês).
Evitar erros desse tipo é apenas parte do desfio de um
tradutor e intérprete. Ele pode passar horas debruçado sobre livros, diante do computador ou traduzindo palestras e conferências sem saber como será o próximo trabalho que terá de encarar. "Num dia posso fazer uma tradução jurídica e no dia seguinte um trabalho sobre turbinas de avião. Isso para mim é fascinante", conta a tradutora Maria Cecília França, de São Paulo. Por isso, para esse profissional não basta conhecer línguas: é preciso disposição para estudar novos assuntos, sempre. Os bons tradutores estudam bastante gramática e desenvolvem continuamente seu vocabulário, atentos às novas expressões e gírias do idioma.
"Comecei minha carreira na TV, traduzindo filmes e programas da TV Cultura. Por isso, acabei me especializando em interpretação", afirma a tradutora paulista Maria Clara Forbes Kneese. "Já viajei pelo mundo fazendo tradução simultânea em todo tipo de conferência e acompanhando missões oficiais." São cada vez mais comuns as videoconferências via satélite, em que esse profissional traduz aqui o que está sendo dito a milhares de quilômetro. Uma novidade que surge e deve ser aperfeiçoada nos próximos anos são os programas de computador que fazem tradução. Segundo Paulo Wengorski, presidente do Sindicato Nacional dos Tradutores, isso não deve preocupar os profissionais: o uso de auxiliares eletrônicos nunca vai substituir o ser humano, mas facilitar e transformar sua atividade.
Os profissionais mais experientes dão um aviso a quem quer atuar na área: trabalho duro e paciência são fundamentais para subir nessa carreira. "As empresas estão cada vez mais exigentes. Se você mostrar qualidade, em cerca de cinco anos é possível montar uma carteira de clientes", explica a tradutora Maria del Pilar Sacritán. Grande parte dos tradutores e intérprete trabalha de forma autônoma e faz o nome aos poucos.



O mercado

A globalização favorece quem pretende seguir essa carreira. Blocos internacionais como o Mercosul sempre oferecem oportunidades de trabalho, e o setor que mais cresce é o de tradução e interpretação na área comercial, em empresas de comércio exterior, de seguros e multinacionais. Outro que também promete é o de assessoria lingüística: nele, o tradutor faz a revisão gramatical, adapta o texto às necessidades do cliente e, se preciso, melhora a redação. Há trabalho, ainda, na tradução de manuais e programas de computador. A tradução juramentada (para documentos oficiais e públicos) é valorizada, mas para isso é indispensável passar em concurso público.

Em alta: Tradução comercial


O curso

Na maioria das faculdades, a habilitação de tradutor e intérprete é oferecida pelo curso de letras. Além das matérias básicas, como lingüística, gramática e compreensão do texto, você vai aprender as técnicas de tradução. Há muitas aulas práticas, em que treinará tradução comercial, jurídica, literária, interpretação simultânea e consecutiva.

Duração média: quatro anos.

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